Girolamo Savonarola: santo ou maldito? - PARTE I
De todos os personagens do renascimento Fiorentino, o frade dominicano Girolamo Savonarola, talvez, seja o mais controverso dentre os pesquisadores.
Nem mesmo dentre os seus coetâneos, Savonarola foi unanimidade.
Educado com seu avô, Michelle Savonarola, famoso médico da corte da Família D'Este, o pequeno Girolamo sempre teve uma peculiar relação com a vida sexual, pois fora o Dottore Savonarola, o primeiro a escrever um manual de comportamento sexual adequado para casais.
Contam alguns historiadores que o jovem Girolamo abraçou o sacerdócio em razão do frustrado pedido de casamento que fizera à Folha ilegítima da família Strozzi, fator que poderia ser o determinante para seus discursos misóginos, nos quais incitava a comunidade a temer e controlar as mulheres, "aquelas criaturas demoníacas que suscitavam desejos pecaminosos nos homens e despertavam o mal ao redor de onde passavam".
Em 1480, o jovem frade chegou ao convento de San Marco, em Firenze. Baixo, muito magro, com olhos taciturnos, tímido, gago e pálido por viver dentro dos monastérios a estudar e rezar, aquele que seria o grande rival de Lorenzo, foi por ele recebido com simpatia e sem denotar qualquer ameaça.
Contam que nesta ocasião realizara uma prédica tão inócua que o próprio frade dissera que jamais "assustaria sequer galinhas". As crônicas registram que ele tropeçou muitas vezes no próprio hábito, gaguejou, hesitou ao falar sobre a perdição do mundo material para a elite econômica da "cidade da usura". Sua timidez era tão pungente, que sua voz mal podia ser ouvida.
Dez anos depois, Savonarola retornaria à Firenze completamente diferente. O abade mor de San Marco agora era capaz de pregações espetaculares que incendiavam os fiéis. Em pouco tempo, a multidão reunida para ouvir o estrangeiro que pregava sobre o fim do mundo era tão grande, que seus sermões tiveram que ser transferidos para o Duomo e de lá, para a Piazza del Duomo.
Sua insistente condenação da luxúria, entendida também como ostentação nas vestes, mobílias e casas, além da demonização da arte pagã, colocaram na mira a corte de Lorenzo Magnífico.
A divisão ideológica da sociedade fiorentina entre os hedonistas de Lorenzo e os pios de Savonarola, incendiaram a cidade numa guerra que se estenderia até depois da morte de ambos.
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