Anna Maria Luisa de Medici: a mulher visionária que salvou a história de Poder e Beleza de Firenze construída pelaFamília Medici.
Se hoje podemos ir a Florença e visitar uma das coleções de arte mais antigas e importantes do mundo, intacta e ainda em seu precioso contexto, devemos a uma mulher visionária, Anna Maria Luisa de 'Medici, a última expoente do ramo graducal da família.
O Granducado da Toscana, no século XVIII, passava por um período de declínio político e econômico devido às terríveis políticas de Cosimo III, a linha de sucessão estava quase extinta e Cosimo III passou os últimos anos de sua vida tentando obter reconhecimento, de outros estados europeus.
Com a morte de Cosimo III, seu filho Gian Gastone de 'Medici se tornou Granduque, porém, declarou-se homossexual e completamente desinteressado em assuntos públicos, herdeiros não nasceram de seu casamento infeliz, e as potências européias, sem reconhecer a legitimidade de sua irmã, Anna Maria Luisa, se interessaram em assumir o controle do Granducado.
Sua mão fora cortejada por muitos homens poderosos, dentre eles, o filho Louis XIV de França, o Rei Sol, contudo, seu pai não desejava mais um casamento francês (ele mesmo era casado com uma francesa) e, após estudar a possibilidade de casá-la com o Rei de Portugal, acabou por estabelecer relações mais profícuas com o Príncipe Pallatino de Düsseldorf, a quem acompanhou durante toda sua vida.
Anna Maria Luísa, lutou com todas as suas forças para dar um herdeiro do sexo masculino à Casa Medici que já estava no poder da Toscana há 3 séculos, porém, a despeito de sua vontade, não foi hesitosa e quando da
morte de seu marido, ela voltou a Firenze, onde viveu até sua morte em 1743.
Mas, como uma verdadeira herdeira da Casa Medici, com tino, visão e amor pela Arte e Poder, deixou em
testamento, a grande coleção de peças de arte, joias, livros, documentos, móveis e demais pertences valiosos não só em caráter material, mas também histórico, que reconstituiam os passos de sua ilustre família e do estado da Toscana.
Depois de várias vicissitudes, Gian Gastone, o último granduque da casa dos Médici nomeou os Habsburgos Lorena como seus herdeiros.
É neste contexto de grande instabilidade política que nasceu a Convenção, conhecida como Pacto Familiar, que constituiu um ato quase "privado" entre os Lorena e os Médici, destinado principalmente a regular as relações patrimoniais entre as duas famílias e as obrigações do Granduque Gian Gastone.
É o texto do terceiro artigo da Convenção que deve ser entendido como um dos atos fundadores da história de Firenze e, decisivo para seu destino triunfante de grande cidade das artes, onde se lê:
"A Serenissima Elettrice (TÍTULO PELO QUAL ERA CONHECIDA ANNA MARIA LUISA) cede, dá e transfere para Sua Alteza Real [Lorena] por ele e seus sucessores Granduques, todos os móveis, efeitos e raros da sucessão do Sereníssimo "Gran Duca", seu irmão, como galerias, pinturas, estátuas , Bibliotecas, Joias e outras coisas preciosas, como as Santas Relíquias e Relicários, e seus Ornamentos da Capela do Palácio Real, que Sua Alteza Real se compromete a preservar, sob a condição expressa de que seja para ornamentação do Estado e para utilidade do público e para atrair a curiosidade dos estrangeiros, nada será transportado ou criado fora da capital e do estado do Granducado. "
Assim a Elletrice Pallatina, determinou a imobilidade de todo o legado dos Medici e limitou seus lugares de modo a garantir a salvação da herança dos Medici e sua relação INTRÍNSECA com a história, a cultura, o orgulho de Firenze e dos fiorentinos.
Graças à está mulher visionária, forte e ousada do renascimento tardio, podemos hoje desfrutar da cidade que costumo chamar de "caixinha de joias da Europa".


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