Os 500 anos de morte de Leonardo da Vinci - Onde está o Salvator Mundi


De autoria ainda muito controversa e pintada por volta de 1500, a tela conhecida como "Salvator Mundi" aparece listada em um inventário da coleção do rei inglês Charles I, após sua execução em 1649, para depois desaparecer dos registros históricos até o final do século XVIII. 

Para Martin Kemp, historiador de arte de da Universidade de Oxford que estudou a pintura, ela pode ser  descrita como "uma espécie de versão religiosa da 'Mona Lisa'.

No século XIX, ela reapareceu na coleção de um industrial britânico, neste período, sua autoria foi atribuída a um dos seguidores de Leonardo de Vinci. Em 1958, a tela foi vendido pelo equivalente a US$ 1.350,00, na cotação de hoje.

Em 2005, quando dois comerciantes de arte a viram em um leilão em Nova Orleans, ganhou força a tese de que este fosse um "da Vinci original". A professora Dianne Modestinni, da Universidade de Nova York foi a primeira especialista consultada para a análise, dando seu parecer favorável. 

Em 2011, a tela integrou uma mostra na National Gallery de Londres. Dois anos depois, um bilionário russo, Dmitry E. Rybolovlev, comprou-a por US$ 127,5 milhões - menos de um terço de seu valor de venda em 2017, no leilão da Christie's, em novembro, quando a tela tornou-se a obra de arte mais cara da história, arrematada em um leilão da Christie's por US$ 450 milhões (R$ 1,7 bilhão).  .

A negociação foi feita por um comprador anônimo (soube-se depois que era outro membro da realeza saudita, Bader bin Abdullah bin Mohammed bin Farhan al-Saud) que seria um representante do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Um mês depois do leilão, o Departamento de Cultura de Abu Dhabi anunciou  que a pintura seria exposta na versão local do Louvre, e, em setembro de 2018, foi prevista uma apresentação pública da obra, contudo, a mesma  foi cancelada sem qualquer explicação. 

Hoje o "The New York Times" anunciou que, no momento, funcionários do museu que preferem não se identificar, dizem que ninguém sabe do paradeiro da tela e o Departamento de Cultura de Abu Dahbi se recusa a responder questões sobre o tema.

Ás vésperas das comemorações dos 500 anos da morte do gênio fiorentino que prometem mais de 150 comemorações ao redor do mundo, o Louvre de Paris, o governo italiano e até  National Gallery buscam informações sobre a localização da obra para que esta possa integrar as mostras que serão abertas no decorrer deste ano, contudo, nenhum dado concreto foi verificado até o momento.

Para Modestini, professora do Instituto de Belas Artes da Universidade de Nova York e restauradora que trabalhou na tela, "Privar os amantes da arte e muitos outros que se comoveram com essa imagem, uma obra-prima de tal raridade, é profundamente injusto."

Será que a obra que comoveu milhares de pessoas ao redor do mundo ao ser redescoberta estará fadada ao desaparecimento/ocultação em acervos privados?

"Um Leonardo" é legado da humanidade ou um raro prazer a ser apreciado por aqueles que têm o privilégio para tanto?

E se estivesse vivo, o que o mestre gostaria que fosse feito com sua obra?






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