OS 500 ANOS DE LEONARDO DA VINCI - O MISTÉRIO DAS DUAS MONA LISAS

Dentre os muitos enigmas que envolvem a vida de Leonardo da Vinci e sua obra, certamente, podemos elencar o seu mais famoso quadro, retrato de Lisa del Giocondo, mais conhecido como Mona Lisa ou Gioconda.

De sorriso enigmático e origem imprecisa, o quadro vem intrigando milhares de pessoas ao redor do mundo desde o Século XVI.

Iniciado em 1503 e, oficialmente, finalizado em 1506, mas com retoques feitos em 1510, a obra em questão ficou em poder do rei François I que alegou tê-la comprado do pintor antes de sua morte em 1519 e isso já gerou a primeira grande polêmica, pois italianos consideram-na como parte de seu patrimônio histórico e cultural e lutam para "repatriá-la", ao passo que historiadores franceses alegam que a Itália sequer era uma nação unificada ao tempo de Leonardo, portanto, ele teria nascido numa República atualmente existinta e seu legado pertence à humanidade, devendo permanecer exposto no Louvre, em Paris.

A pintura foi executada em várias camadas finas, o que deve ter levado anos e apresenta o maior toque de perfeição técnica dentre todas as obras do pintor, 1ue utilizou inúmeros vernizes transparentes numa combinação com um de tom mais amarelado para compor a justaposição de luz/sombra idealizados pelo gênio, e, justamente por isso, suspeita -se que ela tenha sido usada como elemento de aula ainda enquanto era executada, o que seria totalmente inédito para o conceito de ensino Da arte na época.

Tal afirmação se faz pertinente, pois no Museu do Prado, na Espanha, podemos apreciar a Mona Lisa do Prado, obra quase idêntica, porém, com cores mais vibrantes e suaves alterações na lateral direita da paisagem de fundo e nas colunas que compõem o plano de enquadramento da distinta dama.

A MonaLisa do Prado foi executada entre 1503 e 1516, muito provavelmente, sobre um desenho base feito pelo grande mestre, o que era muito comum não ateliês renascentistas, especialmente, nos fiorentinos, mas também, é possível que ela tenha sido executada em parceria com um ou mais alunos, fato também comum à época.

Parece que o "copista" elaborou a obra da esquerda para a direita, respeitando essa lógica de deslocamento foi afastando-se da ideia originalmente proposta e acrescentando elementos de sua própria criação.

A ausência das camadas de verniz também distanciam as matizes do colorido original das duas obras impossibilitando a perfeita comparação, ainda que saibamos que, nas cores originais da Gioconda que está no Louvre as variação de suas vestes são em tons de mostarda, acentuados num amarelecimento causado pelo verniz final e pela ação do tempo.

A comparação entre as obras apresenta vários elementos interessantes, mas talvez o mais importante é que O retrato de Lisa que está no Prado pode ser o resultado de uma aula magistral e direto acompanhamento do desenvolvimento do aluno, ou ainda, uma variação feita pelo próprio mestre para ensinar suas técnicas...

Como quase tudo vindo deste adorável gênio, fica o enigma e nosso olhar embevecido para o seu legado revolucionário.


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