CLARICE ORSINI: ENTRE O PAPEL DE ESPOSA E MÃE

Clarice Orsini a nobre dama romana escolhida pela mãe de Lorenzo para ser sua digníssima esposa, nunca encontrou em Firenze um lar. 

Apesar do seu suntuoso casamento que teve 3 dias de festas e incluiu cortejos com carros alegóricos pelo centro da cidade, distribuiu um banquete fabuloso para qual foram abatidos 150 vitelos e 3 mil porcos, em seu funeral,  quase ninguém a pranteou. 

Os casamentos arranjados como alianças políticas e econômicas,  seguramente,  não eram o melhor caminho para a felicidade,  o papel da mulher naquela época,  tampouco era buscar um matrimônio feliz, contudo, quando Clarice chegou à Firenze para casar-se com Lorenzo, tudo o que sabia a seu respeito era o pouco que sua lhe havia dito. 

Os fiorentinos são,  naturalmente,  um povo fechado, arredio, desconfiado e, exageradamente até,  teatrais. Àquela época,  os jogos teatrais da alta sociedade representavam questões cruciais para a política,  economia e, até mesmo, para a sobrevivência perante as intrigas, mas Clarice não estava habituada aos meandros do palco da sociedade fiorentina.  Sequer era afeita a comparecer às festas e reuniões,  mesmo quando, não  raro, seu marido era o promotor dos eventos. Também via com péssimos olhos os filósofos, literatos e artistas que compunham a eterna "brigate" de Lorenzo. 

Apesar dos sete filhos que o casal teve, a relação dos dois não era boa, pois ambos tinham seus princípios muito bem arraigados e, na maioria das vezes, esses eram antagônicos. Obviamente,  Clarice não tardou a descobrir que seu papel naquela casa era ser esposa e mãe.  

Numa das poucas guerras de braço que conhecemos do casal, ela ganhou. Devido sua rígida formação católica e, também,  o ciúme do grupo que circundava Lorenzo, Clarice pressiona-o para substituir o preceptor de Giovanni em latim, o grande Poliziano, pois esse usara muitos textos ímpios para alfabetizar o menino. 

Inexplicavelmente, nenhuma imagem reconhecida e consensuada como sendo sua resistiu ao tempo, assim como, sua identidade subjetiva, seus gostos, temores, anseios e dores não vieram até nós, fazendo com que ela entrasse para a história como a esposa do Magnífico e a mãe do Papa Leone X. 


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