ALESSANDRO E LORENZACCIO: A RELAÇÃO OBSCURA E TRÁGICA ENTRE DOIS PRIMOS
Alessandro de' Medici, dito "O Moro" em razão da sua pele escura, era filho ilegítimo de Lorenzino de' Medici (neto de Lorenzo Magnífico e pai de Caterina) ou, de acordo com outros historiadores, ele poderia ser, muito mais provavelmente, filho de Giulio de' Medici (sobrinho do Magnífico e Papa Clemente VII) e uma escrava da casa Medici.
Com a morte prematura de Lorenzino, Alessandro assume o poder de Firenze e, rapidamente, transforma o governo fiorentino em uma tirania. Ao contrário do que fizera o Magnífico, que governava usando a estrutura do Estado fiorentino, Alessandro retira dos fiorentinos símbolos e organizações da República, extinguindo a participação popular periódica nos Conselhos, e até mesmo, solicitando que fosse cunhada uma nova moeda com sua efígie em lugar do tradicional e simbólico fiorino de ouro.
Progressivamente, Alessandro transformou Firenze em uma cidade submissa e usou do tesouro público para bancar suas excentricidades, festas glamourosas e orgias.
Seu principal parceiro nessas festas e em outros negócios escusos, era seu primo do ramo Popolano, que entrará para a História como Lorenzaccio, algo como o mau Lorenzo.
Em 13 de junho, numa aliança entre o imperador Carlo V e o Papa Clemente VII, Alessandro esposa Margherite d'Áustria, filha ilegítima do imperador.
As tensões entre o governante e os cidadãos de Firenze crescem, exponencialmente, e uma nova rebelião ameaça a cidade.
Lorenzaccio tinha uma personalidade instável. Certa feita, em Roma, depredou o Arco do triunfo de Constantino, decapitando várias esculturas e danificando inscrições. Graças à intercessão do cardeal Ippolito de Medici, seu primo, não foi punido pelo ato de destruição patrimonial. Ainda hoje não se sabe as razões que o levaram a tal ato, assim como, é desconhecida a razão pela qual assassinaria seu primo e cúmplice de libertinagem.
Contam as crônicas que Alessandro era violento e rude com a esposa, que chegou a pedir ao pai pela anulação do casamento, contudo, o acordo entre o imperador e o Papa visava manter a paz e, se o preço fosse um casamento infeliz e um tanto violento, era algo aceitável.
Na noite de 5 para 6 de janeiro de 1537, Lorenzaccio atrai o primo até sua casa prometendo uma intensa noite de amor com Caterina Soderini, de acordo com a maior parte dos historiadores, contudo, Bernardo Segni, que trabalhou para Cosimo I, a oferta de Lorenzaccio era sua própria irmã, Laudomia, ao primo.
Enquanto Alessandro esperava, após ter bebido, adormeceu e foi surpreendido pelo primo e seus sicários a golpeá-lo de forma intensa. Apesar do Moro ter lutado com todas as suas forças, sucumbiu à armadilha.
Não há registros precisos do que motivou Lorenzaccio a matar Alessandro, contudo, muito se especula sobre a inveja do poder, fama e fortuna que o decente do ramo principal detinha e o ramo popolano almejava. Outra corrente de pesquisadores aposta numa relação homossexual entre ambos, que teria sido abalada após o casamento de Alessandro com Margherita.
Alessandro foi enterrado no Mausoléu construído por Michelangelo para a Sacristia Nova, na Capela dos Príncipes, mas, apesar de estar sepultado ao lado de seu pai, nenhuma inscrição o identifica, pois sua memória manchava a relação dos Medici com Firenze.
Lorenzaccio, conseguiu escapar e passou por muitas cidades italianas buscando refúgio e aliados nos fiorentinos exilados por Alessandro, até se erradicar na França, protegido Francois I, onde viveu até o fim de seus dias.
Comentários
Postar um comentário