Espondilite Anquilosante, a herança silenciosa dos Medici

Os homens da Casa Medici receberam uma herança silenciosa e perversa: a Espondilite Anquilosante. 

Doença autoimune e congênita, pouco conhecida, nos momentos de crise causa dores tão intensas quanto um câncer de mama em fase terminal. Sua progressão funde as vértebras da coluna, pode causar perda da visão, problemas cardíacos e falência renal.

À época,  os Medici foram tratados como portadores de gota,  a única doença reumáticas conhecida até então, contudo, nada além de cataplasmas e sangrias eram feitas.

Cosimo o Velho e Piero (pai de Lorenzo) sofriam tanto que eram carregados em liteiras, às vezes, dentro da própria casa.

Lorenzo Magnífico era conhecido por acordar muito cedo, pelo seu mal humor e irritabilidade constante, o que não é difícil de entender quando se conhece o mecanismo da doença que piora muito em repouso...

Lorenzo morreu de falência renal, obviamente,  decorrente da evolução da EA, mas também,  em razão do tratamento administrado que incluía tomar um cálice de vinho com uma pequena porção de pedras preciosas trituradas.

Cosimo I e seus filhos e netos tiveram seus esqueletos analisados o que mostrou, mesmo nos mais jovens, alterações demonstram a incidência da doença.

Sem anti inflamatórios, que são a base do tratamento, as crises deveriam ser muito intensas. 

Há registros em cartas que demonstram que eles iam para as Villas e termas desde a mais tenra idade para aliviarem os sintomas. 

Isabella de Medici,  filha de Cosimo I também referia constantes dores no quadril, mas articulações, inchaço nas pernas e muita fadiga, sintomas característicos da EA.

Cada vez que penso nessas dificuldades extremas, considero ainda mais fortes esses homens e mulheres que mudaram nosso modo de pensar a beleza e a política.