500 anos de Caterina de Medici - A despedida de Firenze








Caterina de 'Medici nasceu em Florença em 1519, no Palazzo da Via Larga (agora Palazzo Medici Riccardi), filha de Lorenzo II de' Medici (Neto do Magnífico Lorenzo), duque de Urbino e de Madeleine de la Tour d'Auvergne, ela perdeu seus pais algumas semanas após o nascimento, permanecendo a única  herdeira da casa Medici. 

A mando do tio-avô, o papa Leão X (filho de Lorenzo Magnífico), a "duquesa de Urbino" foi levada para Roma e, com a morte deste, a sua tutela passa para Clemente VII (também Papa e filho de Giuliano de Medici, o irmão mais novo de Lorenzo Magnífico) . 

Em 1525, retornou A Firenze, mas devido à agitação política e à praga que assolava a cidade, foi transferida para o mosteiro dos beneditinos de Murate.

Este também foi um momento delicado da história dos Medici, quando foram novamente expulsos de Firenze,  acusados de conluio com os franceses para a tomada da cidade.

Após a restauração do domínio Medici em Firenze, o papa Clemente VII voltou seu olhar para a jovem órfã, agora com onze anos, pensando que ela havia se tornado  um objeto precioso na política matrimonial do Papa o que poderia favorecer tanto os interesses da Cúria como da família Medici no contexto da luta das grandes potências.

As negociações para o casamento de Caterina com o duque Henri d'Orléans, segundo filho do rei François I da França, estão, de fato, intimamente ligadas à rivalidade entre Habsburgo e Valois pelo domínio na Itália. 

As negociações para o casamento francês de Caterina deram frutos no verão de 1533, em Marselha, mas não antes de "saudar" Firenze  e a Itália com um suntuoso banquete realizado no Palazzo Medici. 

Na França, a jovem duquesa teve um papel secundário. A morte de Clemente VII, em 1534, provocou o desaparecimento de todas as expectativas políticas relacionadas ao seu casamento, e a posição do marido, que não era o príncipe herdeiro, relegou-a a uma posição marginal na corte francesa. 

Entretanto, em 1536, com a morte de Francisco de Valois, Caterina e Henri se tornaram herdeiros do trono da França (tornando-se efetivamente soberanos em 1547). 

Em 1544, Caterina deu à luz o primeiro herdeiro: François o futuro François II. 

O nascimento foi bem recebido por numerosas celebrações, porque Caterina era considerada estéril. Contam as crônicas da época que ela chegara a se aconselhar com a amante do próprio rei para obter meios mais eficazes de gerar um filho, além de ter recorrido a muitas curandeiros do vale do Loire, e até mesmo, a Nostrasamus.

Sanada essa fase, num intervalo de doze anos, Catarina e Henri deram à luz dez filhos, dos quais sete permaneceram vivos e três tornaram-se governantes da França: François II, Charles IX, Henri III. Caterina foi, portanto, chamada de "a rainha-mãe". A presença na corte de Caterina evocou vários exilados italianos na França, em particular os "exilados" fiorentinos, oponentes de Cosimo I, considerado por muitos como um  usurpador da herança de Caterina.

No ano de 1559 a morte de Henri II levou Catarina a ser a verdadeira governante do reino de França. 

Como uma manifestação da dor intensa de suas perdas consecutivas, ela começou a se vestir de preto como um sinal de luto, indo contra a tradição que via o uso do branco como a cor do luto para as rainhas. Essa atitude lhe rendeu o epíteto de "Rainha Negra", alcunha à qual muitos, equivocadamente, atribuem a origem ao seu mau gênio e dispostas intrigas mortais das quais ela seria a articuladora. 

A partir deste momento, Caterina assumiu um papel decisivo ao lado de seus herdeiros do trono de seu marido: de François II, falecido em 1560, a Charles IX, sob cujo império ocorreram as guerras religiosas e a histórica Noite de São Bartolomeu; para terminar com Henri III. 

Caterina foi uma figura chave na esfera cultural e política. Ao levar pra sua corte na França seu perfumista e seu chef de cozinha, ela revolucionou a gastronomia francesa introduzindo seu doce preferido, macaroon, e a arte do perfume como marcas registradas dos franceses. Foi ela também a responsável pela difusão do uso de roupas íntimas femininas, da consulta ao horóscopo diário e do uso dos talheres à mesa. 

Ela morreu em 5 de janeiro de 1589 no castelo de Blois e foi enterrada na basílica de Saint-Denis, ao lado de Henri II no túmul dos Valois.

PPara celebrar sua memória, o Palazzo Medici Riccardi / Città Metropolitana - MUS.E e o Escritório da UNESCO no Município de Firenze, organizou para 1 de setembro um evento evocativo da despedida de Firenze que a jovem Caterina promoveu no palácio da família, o Palazzo Medici, na Via Larga, na companhia de senhoras florentinas quando partiu para se casar com o jovem Henri. 

O evento ocorreu em setembro de 1533 e foi mencionado nas memórias fiorentinas de Francesco Settimanni.

Poucas horas depois, a jovem Caterina deixou a cidade para empreender a viagem a Marselha, onde em 28 de outubro seria celebrado seu casamento com Henri II. 

O evento permitirá reviver a atmosfera festiva que Caterina construiu naquela ocasião e refazer o vínculo dela com a residência Medici, onde ela nasceu e viveu nos anos de infância e juventude.



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