AS MISTERIOSAS OBRAS DESAPARECIDAS DE LEONARDO DA VINCI - MEDUSA

Medusa é uma das duas pinturas que Giorgio Vasari atribuiu a Leonardo da Vinci e atualmente estão desaparecidas.


Como quase tudo que envolve a vida do grande Mestre, alguns atribuem ao desaparecimento destas obras um lance de magia. Contudo, o mais provável é que ela, atualmente, pertença a alguma coleção particular.

Na realidade, a primeira menção oficial que temos destas obras está no livro A Vida dos Artistas, no qual Giorgio Vasari descreve como o muito jovem Leonardo representou Medusa na frente de um escudo de madeira levado por seu pai para que o  jovem aprendiz o adornasse. 


Conta Vasari: "Depois de revesti-lo com gesso e prepará-lo a seu modo, começou apensar em algo que, pintado na rodela, assustasse quem investisse contra ela, produzindo o mesmo efeito da cabeça da Medusa. Para tal fim, Lionardo levou para um quarto onde só ele entrava lagartixas, lagartos, grilos, serpentes, borboletas, gafanhotos, morcegos e outras espécies estranhas de animais semelhantes, de cuja multidão, arranjada de modos variados, extraiu um animalaço horrível e pavoroso, que envenenava com o hálito e incendiava os ares. Representou-o a sair de uma pedra escura e despedaçada, exalando veneno pela goela aberta, fogo pelos olhos e fumaça pelo nariz, de um modo tão estranho que parecia coisa monstruosa e horrível. Sofreu muito para fazê-lo, pois naquele quarto era cruel o fedor dos animais mortos, que Lionardo, porém, não sentia, tão grande era o amor que tinha pela arte.

(...) Certa manhã Ser Piero foi até aquele aposento para buscá-la e bateu à porta; Lionardo abriu, dizendo que esperasse um pouco, e, voltando para dentro, arrumou a rodela sobre uma estante, junto à janela, que ele dispôs de tal modo que a luz fosse difusa. (...) Este, à primeira vista, sem refletir na coisa, levou um susto por não acreditar que se tratasse da rodela, e que fosse pintada a figura que via. (...) Quando retrocedia, Lionardo o deteve dizendo: 'Esta obra serve para  o que foi feita: pegue-a e leve-a, pois essa é a finalidade que dela se espera.'(...)"


Embora os historiadores de arte tenham duvidado da veracidade dessa história, diz-se que o escudo de Leonardo inspirou muitos pintores do início do século XVII, que poderiam tê-lo visto na coleção de Ferdinando I de' Medici. Rubens e Caravaggio pintaram suas próprias versões da personagem, mas sua dívida para com a pintura de Leonardo é incerta.


Uma outra versão contada a partir de 1782, afirma que durante a realização de uma pesquisa feita pelo mais afamado biógrafo de Leonardo, Luigi Lanzi,  sobre as  do Meste pinturas na Accademia degli Uffizi,  descobriu um retrato da cabeça de Medusa erroneamente atribuído a Leonardo, com base na descrição de Vasari.


É notório que durante o período do romantismo, a fama de Leonardo alcançou muitos elogios e suas gravuras de página inteira apresentadas pela primeira vez em Firenze em 1828, espalharam-se pela Europa, fazendo desta pintura uma das obras mais populares entre as desenvolvidas pelo mestre. 


Em 1851, Jean Baptiste Gustave Planche afirmou: "Eu não tenho nenhuma dúvida em dizer que na Medusa de Uffizi há o germe de que admiramos na Mona Lisa do Louvre".


Por volta de 1868, Walter Pater em sua obra Renaissance enfatizou a Medusa como uma das obras mais marcantes de Leonardo. 


Contudo, no século XX, Bernard Berenson e outros críticos proeminentes argumentaram contra a existência desta pintura de Leonardo, levando a crer que este tenha sido um dos muitos exageros cometidos por Vasari e que a obra a que se referem seja o trabalho de um pintor flamengo anônimo que atuou por volta do Século XVI.


O fato é que ainda não sabemos se obra existiu, sua autoria precisa ou seu destino atual, contudo, sua grande repercussão, certamente, influenciou obras-primas de outros gênios, como podemos observar no quadro abaixo pintado pelo também genial Michelangelo Merisi, mais conhecido como Caravaggio, o precursor do barroco italiano.

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