FLORENÇA ANTES DOS MÉDICIS - Parte II - Breve história do Dinheiro
Se a riqueza na Idade Média provinha em grande parte da exploração da terra e todos os impostos eram pagos por meio trabalho relacionado à ela ou com o que nela se produzia, logo se pode deduzir que o dinheiro foi abolido da sociedade feudal e toda a economia se baseava na moeda-natureza, ou seja, escambo, permuta, etc, certo?
Errado!
Como ressaltado no final do artigo anterior, ainda que muita coisa seja regra para a maioria dos povos em quase toda parte da Europa feudal, sempre será possível encontrar exceções, restrições, adaptações e períodos de transformação lenta que desencadearão, mais adiante, a ruptura do sistema feudal.
A moeda como fonte de troca simbólica figurava já no panorama econômico da antiguidade e em Roma seguiu um longo caminho de disseminação pelas fronteiras do Império afora, mas nem sempre foi assim.
Como tudo na História da humanidade a moeda sofreu inúmeras modificações e adaptações ao longo do tempo para que pudesse atender da melhor maneira às necessidades do Ser Humano e seu grupo social.
Errado!
Como ressaltado no final do artigo anterior, ainda que muita coisa seja regra para a maioria dos povos em quase toda parte da Europa feudal, sempre será possível encontrar exceções, restrições, adaptações e períodos de transformação lenta que desencadearão, mais adiante, a ruptura do sistema feudal.
A moeda como fonte de troca simbólica figurava já no panorama econômico da antiguidade e em Roma seguiu um longo caminho de disseminação pelas fronteiras do Império afora, mas nem sempre foi assim.
Como tudo na História da humanidade a moeda sofreu inúmeras modificações e adaptações ao longo do tempo para que pudesse atender da melhor maneira às necessidades do Ser Humano e seu grupo social.
BREVE HISTÓRIA DO DINHEIRO NA SOCIEDADE HUMANA
Escambo
Inicialmente praticava-se o escambo, caracterizada pela simples troca de mercadoria por mercadoria, sem qualquer equivalência de valor entre elas, portanto, não havia uma moeda em circulação, ou seja, um medida simbólica de valor da mercadoria.
Esta elementar forma de comércio predominou nos primeiros tempos do processo civilizatório, e por isso, a denominamos economia primitiva, pois foi a primeira lógica de mercado utilizada pelo Homem, e pode ser ainda hoje encontrada, entre povos mais isolados que a praticam.
Neste modelo econômico as pessoas envolvidas não têm a preocupação com a equivalência de valor entre as mercadorias trocadas. Em um exemplo simples poderíamos ter a criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito, pois o que atribui valor à esta mercadoria é o seu valor de uso (neste caso o desejo de possuir aquele brinquedo ainda que seja muito barato), e não o seu valor de troca (quanto ele vale para ser produzido, ou seja, quanta e qual matéria-prima foi utilizada e quanto tempo de mão-de-obra foi dispensada na sua criação).
Nesta forma de troca, no entanto, ocorrem certas dificuldades, derivados da ausência de uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados e, também, pelo fato da mercadoria apresentar-se em estado natural, o que dificulta armazenamento e deslocamentos.
Moeda-Mercadoria
Algumas mercadorias, em decorrência de seu valor de uso, passaram a ser mais procuradas do que outras.
Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento de troca por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor.
Eram as moedas–mercadorias.
Eram as moedas–mercadorias.
O gado, principalmente o bovino, foi amplamente utilizado; apresentava como vantagens a locomoção própria, as capacidades de reprodução e prestação de serviços, entretanto, sempre havia o risco da incidência de doenças e a perda por morte.
O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos.
Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). Assim como, a palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça).
Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.
Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). Assim como, a palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça).
Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.
Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.
O surgimento do Metal como Moeda
Logo que descobriu os metais, o Homem passou a utilizá-lo para fabricar utensílios e substituir a manufatura de armas feitas anteriormente em pedras.
Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc.
Nos mosteiros e Castelos medievais, era comum que o ouro fosse transformado em adornos e utensílios, que, quando em caso de utilidade eram facilmente derretidos e convertidos em barras ou moedas para a troca.
Nos mosteiros e Castelos medievais, era comum que o ouro fosse transformado em adornos e utensílios, que, quando em caso de utilidade eram facilmente derretidos e convertidos em barras ou moedas para a troca.
Contudo, o metal comercializado dessa forma exigia aferição de seu peso e grau de pureza a cada troca, o que posteriormente, determinará a forma e peso, que receberá uma marca indicativa de valor e apontava o responsável pela sua emissão. Conhecidas como Casa da Moeda, essas casas eram autorizadas pelo Rei, pela Igreja ou pelo maior Senhor Feudal da região, usando uma medida padronizada e pré-estabelecida que passou a agilizar as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca.
Objetos Metálicos como Moeda
Como os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas e sua produção exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos.
A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao consequente aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro.
No Oriente foram encontradas as moedas "faca" e "chave", assim como circulou na Grécia e em Chipre a moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, conhecida como Talento.
Moedas Antigas
No século VII a.C. surgem as primeiras moedas com as características das atuais: peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e, por consequência, garante o seu valor.
Na Grécia são cunhadas moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro.
As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.
A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras.
Ouro, Prata e Cobre
Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles confeccionados.
A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias neste mesmo valor.
Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido.
Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco.
Moeda de Papel
Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel.
Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento.
Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas.
A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.
Formatos Diversos
O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos.
As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfimos, como o stater, que circulou em Aradus, Fenícia, atingindo também grandes dimensões como as do dáler, peça de cobre na Suécia, no século XVII.
Embora, hoje, a forma circular seja adotada em quase todo o mundo, já existiram moedas ovais, quadradas, poligonais etc. Foram, também, cunhadas em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moedas de porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país enfrentava grave crise econômica.
As cédulas, geralmente, se apresentam no formato retangular e no sentido horizontal, observando-se, no entanto, grande variedade de tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no sentido vertical.
As cédulas retratam a cultura do país emissor e nelas podem-se observar motivos característicos muito interessantes como paisagens, tipos humanos, fauna e flora, monumentos de arquitetura antiga e contemporânea, líderes políticos, cenas históricas etc.
As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em muitas delas se encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas. Essas inscrições, quase sempre em inglês, visam a dar à peça leitura para maior número de pessoas.
O dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.
A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia.
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