O escultor e arquiteto florentino Bartolomeo Ammannati (1511-1592) criou a Fontana della Sala Grande a partir de 1555 por encomenda de Cosimo I de 'Medici, duque de Florença e grão-duque da Toscana. A magnífica obra de arte foi concebida como uma alegoria de "Florentia", nome latino e originário da atual denominação de Firenze usado durante o perído do auge do Império Romano que exultava a beleza das enconstas floridas da cidade e homenageava a Deusa “Flore”, mas sua função principal era a exaltação do bom governo de Cosimo que, segundo o artista, fizera Firenze florir triunfante novamente.
A intenção do Grão-Duque era enriquecer o “Salone dei Cinquecento” no Palazzo Vecchio com um majestoso monumento celebrando a construção do primeiro grande aqueduto de Florença, um dos mais importantes e inovadores projetos de infraestrutura do período, graças ao qual, Cosimo reforçou a sua imagem pública e se demonstrou como um príncipe atento às necessidades dos cidadãos e preoucpado em manter a magnificência de sua cidade, o que, desde sempre, muito orgulhou os florentinos.
Assim, a obra de arte torna-se, nas intenções príncipe florentino, nada mais que concretização de um discurso de poder e assume a representação do papel social nobreza, ou seja, conquistar, ampliar e manter o poder local e a soberania de seu povo, como explica o historiador de arte Giulio Carlo Argan.
Nesse sentido, Ammannati interpreta uma situação relevante que retrata em sua obra: a dos tribunais italianos, e mais especificamente da corte Medici, na segunda metade do século XVI, espelhando no mármore as complexas relações de poder contidas no contexto histórico do período, no qual a restauração do poder da Família Medici estava sempre ameaçado pelos seus opositores.
Mas, segundo Argan, trata-se de uma situação regressiva, pois sem uma força política real, essas cortes são corpos artificiais, nos quais o espírito de conservação, o conformismo religioso, a defesa de privilégios são acompanhados por uma modernidade externa e uma falsa sensação de liberdade; a moralidade é reduzida a costumes, às regras de etiqueta, comportamentos sociais e convenções, gerando uma estagnação tanto em termos políticos, como econômicos e culturais.
FONTE: SANSONI, A.G. C. Storia dell'arte italiana, Firenze ,1968.
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