Ognissanti - A igreja em que estão sepultados Simonetta Vespucci, Botticelli e o ancestral de Américo Vespucci
A igreja, iniciada em 1251, fazia parte do complexo do convento dos "Umiliati", uma ordem chegou em Firenze vinda da Alexandria em 1239.
Formada no contexto de movimentos pauperistas, beirando à heresia, os umiliati estabeleceram-se, com autorização do Papa Honório III, como uma congregação leiga masculina e feminina, dedicada à perfeição evangélica e à pobreza, Z fundamentada no trabalho como parte integrante da vida dos religiosos, sobretudo no processamento de lã e vidro, atividades tão típicas da comunidade fiorentina.
Em Firenze, os Umiliati se estabeleceram primeiro fora da cidade, perto de San Donato em Polverosa, depois perto da pequena igreja de Santa Lúcia (1251), e, gradualmente foram estendendo suas propriedades para incluir um oratório no borgo (ou seja, em uma estrada fora das muralhas da cidade). Logo construíram sua igreja, o convento, concluindo 1294 o complexo.
A área era particularmente adequada para o processamento da lã, porque na porta de Carraia, onde o Mugnone desembocava no Arno, havia uma ilhota que formava um canal útil para extrair a energia hidráulica que movia os moinhos.
Para incentivar essa exploração, os umiliati construíram o açude de Santa Rosa, juntamente com um rico sistema de canais. Seu convento era, portanto, um verdadeiro centro de trabalho organizado e a paisagem urbana circundante era caracterizada por edifícios ligados à atividade produtiva dos religiosos, além de casas para artesãos e "puxadores" (ofício que "puxava" a lã, ou seja, a lavava após o tingimento para retirar o excesso de pigmento e posta à secagem. )
Por seu prestígio, no final do século XIII, os umiliati foram chamados para ocupar importantes cargos públicos. Enquanto isso, graças também ao patrocínio das famílias do bairro, que alcançaram uma sólida posição econômica e social, a igreja enriqueceu rapidamente, ao receber obras de arte de extraordinário valor, decorrente do mecenato dessas famílias.
No início do século XIV, a igreja era tão rica que empreendeu um prestigioso programa decorativo, que teve seu ponto alto por volta de 1310, quando Giotto pintou a Maestà, Belíssima Cruz que foi colocada no altar-mor, e agora está na Galeria degli Uffizi.
Naqueles anos, Ognissanti também era um fervoroso centro da atividade política republicana: aqui os conspiradores se reuniram contra Giano della Bella.
No século XV, Sandro Botticelli (que está enterrado na igreja) e Ghirlandaio trabalharam em Ognissanti.
Ghirlandaio fora contato contratado pela família Vespucci, que incluía o famoso Amerigo ( o navegador que deu seu nome à América), e por comissão recebida deles, afrescou uma Pietà e uma Madonna della Misericordia e também a Última Ceia no refeitório, e ainda, um belo San Girolamo.
Durante o século seguinte, os umiliati começaram a diminuir em número e prestígio, devido, também à mudança no panorama artesanal da cidade, agora orientada para o processamento de tecidos mais refinados como a seda, brocados e adamascados, deixando em segundo plano e a lã, elemento maia rústico e desprezado pela burguesia do renascimento tardio.
Em 1571, a ordem foi suprimida por causa dos contrastes na Lombardia que Carlo Borromeo tinha em mente e, a pedido de Cosimo I, os franciscanos tomaram o mosteiro Fiorentino. Essa ordem residia no convento perto da igreja de San Salvatore al Monte, que, sofrendo graves danos após o cerco das tropas imperiais de 1529-1530, conseguiu fazer apenas restaurações básicas para conter os grandes danos e solicitou um novo local dentro das muralhas da cidade.
Os franciscanos trouxeram móveis e obras de arte e, sobretudo, uma venerada relíquia de São Francisco de Assis, hábito que o santo usara em 1224 quando recebeu os estigmas de La Verna.
O granduque ordenou que trabalho de renovação começasse imediatamente: os dois claustros foram construídos e a igreja foi reconsagrada em 1582 e recebeu o nome de San Salvatore ad Ognissanti, em homenagem à sede da ordem primitiva na igreja de Monte alle Croci.
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