Properzia de Rossi - a única mulher dentre os grandes escultores renascentistas.
O renascimento italiano foi pródigo em gênios da escultura. Não seria difícil arrolar uma grande lista de nomes: Luca della Robia, Settignano, Ghiberti, o grande Michelangelo Buonarroti e tantos outros, mas onde estavam as mulheres?
Não havia artistas do sexo feminino naquele tempo?
De acordo com o primeiro e mais completo tratado de arte do Renascimento, o livro "Vidas dos mais excelentes arquitetos, pintores e escultores italianos, de Cimabue aos nossos tempos", mais conhecido como "Vida dos artistas", Giorgio Vasari descreve a vida daquela qe ficou conhecida como a unica escultora do renascimento italiano: Properzia de ' Rossi.
Nascida na Bologna de 1490, a filha de um notaio sempre apresentou grande habilidade em esculpir rostos e imagens sacras em caroços de pêssego, albicoca e cerejas.
Vasari nao a conheceu, mas os registros e a vozes da época o possibilitaram dizer que tinha um belíssimo físico, delicadeza nos gestos e cantava e tocava melhor que qualquer outra mulher de sua cidade.
Esteve ligada, como quase todos os escultores daquele tempo, com a arte da ourivesaria, o que a possibilitou elaborar o Stemma da grande família de Grassi, em delicada filigrana, com caroços de pêssegos e cerejas Delicadamente entalhados representando a Paixão de Cristo. No centro, junto à cruz, há um relicário onde se vê a face da Virgem e de Cristo, que são ladeados pelos doze apóstolos.
Na parte de trás, no verso de cada um dos apóstolos, há o sutil entalhe de 12 virtudes femininas.
A peça causou um furor na sociedade bolognesa da época e sua fama correu a Itália.
Mas seus dotes não se detinham aos pequenos e curiosos caroços entalhados, ela também era hábil no trabalho com pedras de toda sorte, inclusive o amado mármore das ricas cantarias de Carrara.
Entre 1525 e 1527, ela esculpiu uma emblemática cena religiosa para adornar a Igreja bolognesa de San Petronio: a "Castidade de José", na qual ela retrata a mulher de Potifás assediando José.
De acordo com Vasari, nesta época, a jovem Properzia sofria intensamente com o descaso de um jovem por quem ela nutria um imenso amor não correspondido, o que ela teria transposto para a peça de mármore esculpida, "dando a impressão de que aquela figura do Antigo testamento lhe deu aliviava em parte a ardente paixão " (VASARI, 2011:592)
Em 1530, sua fama chegou ao Papa Clemente VII, sobrinho de Lorenzo Magnífico, que, logo depois de coroar o imperador da Bologna, quis conhecê-la, quando foi informado que ela havia morrido há menos de uma semana.
Contam os registros de Vasari, que o Papa Medici, grande amante das artes e da refinada beleza da ourivesaria renascentista, ficou muito contrariado por não tê-la conhecido antes.
Em sua lápide, no hospital da Morte, em Bologna, está escrito em latim: " Se Properzia devesse à natureza e à arte tanto quanto deve à fortuna e aos presentes dos homens, ela, que agora está inglória imersa nas trevas, poderia igualar-se aos célebres artistas do mármore. Além disso, o que pode fazer com seu engenho vívido e sua arte é mostrado não mármores esculpidos por sua mão de mulher."
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