Mistérios, Segredos e Excentricidades da Família dos Médicis - O Corredor Vasariano
Também conhecido como o "Percurso do Príncipe", o Corredor Vasariano tem aproximadamente 1 km de extensão, foi encomendado pelo Granduque Cosimo I ao grande artista e arquiteto do Renascimento Giorgio Vasari, que o projetou e executou com maestria, tal como fizera anteriormente com a "Galleria degli Uffizi", o Batistério de "San Giovanni" e o Salão "dei Cinquecenti".
Construída em tempo recorde, apenas 5 meses, o Corredor foi uma das muitas obras realizadas para atender à solicitação emergente do Príncipe de transformar Florença em uma cidade ainda mais gloriosa por ocasião das bodas de seu filho Ferdinando I, aliança esta que se unia estrategicamente um filho da Casa dos Médicis à filha mais jovem da casa dos Habsburgo, Giovanna d'Áustria, construindo assim, a aliança com o Imperador Ferdinando I.
Para se ter uma idéia, a acolhida triunfal de Giovanna em Florença incluía a execução de vários afrescos no "Palazzo Vecchio" e no Salão "dei Cinquecenti", a construção do já citado Corredor Vasariano e da Fonte de Netuno, na Praça da República. No dia 25 de dezembro de 1565, Giovanna chega à cidade para a cerimônia de casamento passando pela "Porta al Prato", uma das oito portas de entrada da cidade; Giorgio Vasari e Vicenzo Borghini tinham projetado um grande aparato para a ocasião. No "Borgo Ognissanti", bairro de todos os santos, passagem obrigatória para quem entra pela região Oeste da cidade, forma colocadas duas estátuas de Francesco della Cammilla, representante da "Toscana" e da "Áustria"; as casas dos arredores que não tinham as fachadas consideradas suficientemente belas e adequadas aos olhares da noiva e seu séquito foram cobertas comgrandes painéis de Carlo Portelli e Sandi di Tito, enquanto na "Piazza Goldoni", vizinha à ponte Carraia, foram colocados uma série de estátuas em arco que compunham um Imeneo* representanto um intenso bom augúrio ao matrimônio.
Não obstante todas as demonstrações de apreço e respeito à noiva e aos Habsburgo, o casamento não gozou da aura auspiciosa que almeja Cosimo I.
De todas as obras auspiciosas e embelezadoras que restaram deste em Florença, certamente, o Corredor Vasariano é a que mais instiga a mente humana e intriga visitantes e pesquisadores. Construído para conectar os principais edifícios utilizados pela Família dos Médicis na cidade, se inicia no "Palazzo Vecchio" - sede administrativa e antiga moradia do Granduque -, passa como um arco suspenso para "Via della Ninna" para entrar na "Galleria degli Uffizi" percorrendo o seu último pavimento interiormente,desemboca em um outro arco suspenso que sai do "Uffizi" e margeia o rio onde cria uma passagem coberta para os transeuntes até chegar à "Ponte Vecchio", onde atravessa o Arno sobre a Ponte, desvia da "Torre dei Manelli", salta sobre a "Via de' Bardi deixando um belo vão livre sob sua construção, passa por dentro da "Torre degli Obriachi", passa pela frente da Igreja de "Santa Felicità" e desemboca na sua área interna em forma de um Balcão com grades, atravessa a parte posterior de vários prédios de nobres da época até chegar aos Jardins Boboli, passando pela esquerda da "Grotta del Buontalenti" que finalmente leva ao "Palazzo Pitti", moradia dos Médicis naquele período.
Elaborado por Vasari de modo, segundo suas próprias palavras: "flutuar sobre o ar e sobre a água", muito além de uma vista impecável do Arno e da área central da cidade, possibilitava uma rápida rota de fuga à Família que tantas vezes já tivera que partir de sua Bela Firenze às pressas, bem como, criava a rara oportunidade de trânsito livre do assédio dos populares, pois além de poder fazer o percurso entre as sedes administrativas e a residência, o acesso ao corredor favorecia aos Médicis assistir às missas e eventos celebrados na Igreja de Santa Felicidade de um Balcão privativo, distante da população geral.
O Corredor Vasariano tem em toda a sua extensa área a maior coleção de autoretratos do mundo, além de contar com outras setecentas belas obras de pintores e escultores renascentistas que pertenciam ao acervo privado da Família, além de enormes e belíssimas janelas panorâmicas.
A história da Família dos Médicis e seu legado guarda muitos seus segredos, mistérios e especulações, quase todos sem comprovação histórica. Muitas histórias de assassinatos e fugas espetaculares são contadas sobre o Corredor Vasariano, dentre as quais se diz que os trabalhadores que o construíram e sabiam das entradas e saídas secretas que davam acesso à ele foram mortos logo após finalizarem sua participação na obra. Outra história curiosa sobre ele versa sobre a visita do Füher em 1938, sobre a qual contam que Mussolini, a fim de estreitar os laços entre Itália e Alemanha, fez abrir mais duas belas janelas panorâmicas sobre o Arno; Hitler teria gostado tanto, que esta foi a única ponte remanescente em Florença depois da desocupação nazista em 1944 .
Ponto de partida para uma vasta rede de contos especulativos ou cenário de perseguições eletrizantes como a descrita no livro "Inferno" de Dan Brown, o Corredor Vasariano é parte importante do patrimônio histórico e arquitetônico da Florença e um dos muitos grandes legados dos Médicis para a Civilização Humana.
* Imeneo - é uma composição de origem grega, que era executada nos cortejos nupciais da Antiga Grécia quando se acompanhava a noiva à sua nova casa; na Roma Antiga o Imeneo perdeu sua característica inicial, mais prática e social, tomando para si um caráter mais literário, essencialmente poético que visava exprimir bons votos para a noiva em sua nova jornada.
BIBLIOGRAFIA: FERRI, M. & LIPPI, D. I Medici: la Dinastia dei Misteri. Giunti Editore. Milano, 2010.
OTTAJANO, O. M. T. Storia della mia Dinastia. Edizioni Polistampa. Firenze, 2001.
CESATI, F. I Medici: Storia di una Dinastia Europea. Madnragora. Firenze, 1999.
VANNUCCI, M. I Medici: Una Famiglia al Potere. Newton Compton Editore. Roma, 2015.
Construída em tempo recorde, apenas 5 meses, o Corredor foi uma das muitas obras realizadas para atender à solicitação emergente do Príncipe de transformar Florença em uma cidade ainda mais gloriosa por ocasião das bodas de seu filho Ferdinando I, aliança esta que se unia estrategicamente um filho da Casa dos Médicis à filha mais jovem da casa dos Habsburgo, Giovanna d'Áustria, construindo assim, a aliança com o Imperador Ferdinando I.
Para se ter uma idéia, a acolhida triunfal de Giovanna em Florença incluía a execução de vários afrescos no "Palazzo Vecchio" e no Salão "dei Cinquecenti", a construção do já citado Corredor Vasariano e da Fonte de Netuno, na Praça da República. No dia 25 de dezembro de 1565, Giovanna chega à cidade para a cerimônia de casamento passando pela "Porta al Prato", uma das oito portas de entrada da cidade; Giorgio Vasari e Vicenzo Borghini tinham projetado um grande aparato para a ocasião. No "Borgo Ognissanti", bairro de todos os santos, passagem obrigatória para quem entra pela região Oeste da cidade, forma colocadas duas estátuas de Francesco della Cammilla, representante da "Toscana" e da "Áustria"; as casas dos arredores que não tinham as fachadas consideradas suficientemente belas e adequadas aos olhares da noiva e seu séquito foram cobertas comgrandes painéis de Carlo Portelli e Sandi di Tito, enquanto na "Piazza Goldoni", vizinha à ponte Carraia, foram colocados uma série de estátuas em arco que compunham um Imeneo* representanto um intenso bom augúrio ao matrimônio.
Não obstante todas as demonstrações de apreço e respeito à noiva e aos Habsburgo, o casamento não gozou da aura auspiciosa que almeja Cosimo I.
De todas as obras auspiciosas e embelezadoras que restaram deste em Florença, certamente, o Corredor Vasariano é a que mais instiga a mente humana e intriga visitantes e pesquisadores. Construído para conectar os principais edifícios utilizados pela Família dos Médicis na cidade, se inicia no "Palazzo Vecchio" - sede administrativa e antiga moradia do Granduque -, passa como um arco suspenso para "Via della Ninna" para entrar na "Galleria degli Uffizi" percorrendo o seu último pavimento interiormente,desemboca em um outro arco suspenso que sai do "Uffizi" e margeia o rio onde cria uma passagem coberta para os transeuntes até chegar à "Ponte Vecchio", onde atravessa o Arno sobre a Ponte, desvia da "Torre dei Manelli", salta sobre a "Via de' Bardi deixando um belo vão livre sob sua construção, passa por dentro da "Torre degli Obriachi", passa pela frente da Igreja de "Santa Felicità" e desemboca na sua área interna em forma de um Balcão com grades, atravessa a parte posterior de vários prédios de nobres da época até chegar aos Jardins Boboli, passando pela esquerda da "Grotta del Buontalenti" que finalmente leva ao "Palazzo Pitti", moradia dos Médicis naquele período.
Elaborado por Vasari de modo, segundo suas próprias palavras: "flutuar sobre o ar e sobre a água", muito além de uma vista impecável do Arno e da área central da cidade, possibilitava uma rápida rota de fuga à Família que tantas vezes já tivera que partir de sua Bela Firenze às pressas, bem como, criava a rara oportunidade de trânsito livre do assédio dos populares, pois além de poder fazer o percurso entre as sedes administrativas e a residência, o acesso ao corredor favorecia aos Médicis assistir às missas e eventos celebrados na Igreja de Santa Felicidade de um Balcão privativo, distante da população geral.
O Corredor Vasariano tem em toda a sua extensa área a maior coleção de autoretratos do mundo, além de contar com outras setecentas belas obras de pintores e escultores renascentistas que pertenciam ao acervo privado da Família, além de enormes e belíssimas janelas panorâmicas.
A história da Família dos Médicis e seu legado guarda muitos seus segredos, mistérios e especulações, quase todos sem comprovação histórica. Muitas histórias de assassinatos e fugas espetaculares são contadas sobre o Corredor Vasariano, dentre as quais se diz que os trabalhadores que o construíram e sabiam das entradas e saídas secretas que davam acesso à ele foram mortos logo após finalizarem sua participação na obra. Outra história curiosa sobre ele versa sobre a visita do Füher em 1938, sobre a qual contam que Mussolini, a fim de estreitar os laços entre Itália e Alemanha, fez abrir mais duas belas janelas panorâmicas sobre o Arno; Hitler teria gostado tanto, que esta foi a única ponte remanescente em Florença depois da desocupação nazista em 1944 .
Ponto de partida para uma vasta rede de contos especulativos ou cenário de perseguições eletrizantes como a descrita no livro "Inferno" de Dan Brown, o Corredor Vasariano é parte importante do patrimônio histórico e arquitetônico da Florença e um dos muitos grandes legados dos Médicis para a Civilização Humana.
* Imeneo - é uma composição de origem grega, que era executada nos cortejos nupciais da Antiga Grécia quando se acompanhava a noiva à sua nova casa; na Roma Antiga o Imeneo perdeu sua característica inicial, mais prática e social, tomando para si um caráter mais literário, essencialmente poético que visava exprimir bons votos para a noiva em sua nova jornada.
BIBLIOGRAFIA: FERRI, M. & LIPPI, D. I Medici: la Dinastia dei Misteri. Giunti Editore. Milano, 2010.
OTTAJANO, O. M. T. Storia della mia Dinastia. Edizioni Polistampa. Firenze, 2001.
CESATI, F. I Medici: Storia di una Dinastia Europea. Madnragora. Firenze, 1999.
VANNUCCI, M. I Medici: Una Famiglia al Potere. Newton Compton Editore. Roma, 2015.
Simplesmente encantada com esse blog!
ResponderExcluirMe sinto viajando pela história.
Continue viajando com as histórias que virão!!!
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